"Eu tô passando mal, tô com saudade mainha..."

Bom dia! Belo sábado em Curitiba, desses raros mesmo. Ontem as coisas estagnaram um pouco, não deu certo fazer a visita na agência e trazer o carro para cá ficou indefinido. Até fiquei meio frustrada com um e-mail que recebi da minha mãe dizendo que o que ela deseja mesmo é que eu desista dessa idéia "maluca".
Segue o e-mail:

"C., o pai está tão preocupado que ontem ele me ligou 2 vezes e a noite a primeira coisa que falou quando chegou foi isso. Veja quantas pessoas, principalmente moças vão pra outros países em busca de coisas novas e melhorar de vida e muitas voltam sem a própria vida. Isso é preocupante. Essa agência manda vocês pra lá, recebe a parte deles adiantado e depois não querem nem saber. Já pensou em tudo que é possível acontecer? Quero que DEUS te permita que você passe no vestibular e esqueça disso agora. Você pode ter certeza que sempre quero e sempre vou fazer o melhor pra você. Te amo demais. Você e o M. são tudo o que me importa na vida. Sem vocês eu não preciso nem viver.
bjs. "

Claro, concordo que coisas terríveis podem acontecer com a gente, mas coisas terríveis acontecem em todos os lugares. Fico até pensando que estaríamos mais seguras na Irlanda sozinhas do que nossos pais aqui. Os pais cariocas que o digam. É uma experiência assustadora e já estou sofrendo de saudade por antecipação, mas o fato é que é uma oportunidade única, e uma hora ou outra teremos que sair da zona de conforto e lutar pelo que é nosso, não cabemos mais no colo do papai e da mamãe.

Quanto ao vestibular, minha mãe tem razão. Se meu nome estiver na lista quando o resultado sair, talvez essa idéia de morar fora fique abalada, mas convenhamos que é ilusório demais pensar que eu venci 99 pessoas que lutaram por uma vaga, já que não passei quando a concorrência era de 41/1. Estou com medo de muitas outras coisas que eu sei que me farão sofrer, que geralmente as outras pessoas acham que é superável. Exemplo: Ontem fomos a uma festa open bar e me irritei com uma cena rídicula e ainda saí como a chata da história. Um amigo das meninas -de outras festas- teve a pachorra de "me alisar" e riu porque eu fiquei inconformada e meti a bolsa nele. O seu amigo achou o máximo. As minhas amigas disseram que ele não seria capaz de fazer isso. Mas ele fez, eu vi e senti.

Enfim, o que isso tem a ver com morar com alguém num país estranho?

Tem a ver que eu não aturo certos tipos de abuso. Ontem eu me irritei, fiquei constrangida, mas pude pegar um taxi e vir pra casa. Pronto, resolvido. Mas não vou poder pegar um taxi e deitar na minha cama quando algo ruim acontecer. Ou ligar pra minha mãe e dizer o que estou sentindo, porque se eu disser que estou sofrendo, vai ser imediata a resposta: "Eu falei para você não ir...". Coisas de mãe. É de se pensar.




"O coração do homem pode fazer planos, mas a resposta certa vem dos lábios do Senhor." (Provérbios 16:1)


ps: O título é da música "Reggae do Manero" dos Raimundos, um dia ainda vou mandar ela pra minha mãe, ela vai me matar por cantar uma coisa tão "xula", mas que é engraçada, é.

"Eu tô comendo bem no restaurante Morte Lenta, a cozinheira é uma nojenta que vive limpando as venta no avental. Eu tô passando mal tô com saudade mainha! Ô mãe, vê se manda um dinheiro porque eu tô no banheiro e não tem nem papel..."
ps2: Quero agradecer as minhas primeiras leitoras, L. e S., fiquei lisonjeada. Espero que gostem sempre!!
p23: Mãe, te amo.